(Roteiro e arte Frank Miller com arte-final de Klaus Janson)
Em
sua trajetória, o Batman teve três renascimentos. O primeiro aconteceu
nos anos 60 por causa da série de sucesso da TV – aquela com Adam West.
Foi com ela que a chamada Batmania tomou conta dos EUA – antes da série, os quadrinhos do morcego estavam devagar quase parando.
O segundo renascimento foi nos anos 70 e teve a missão
de apagar a imagem engraçadinha que o seriado cravou no Cruzado
Embuçado (morria de rir quando o Batman era chamado assim na série).
Neal Adams e Dennis O’Neil resgataram o herói sombrio com histórias mais
adultas e violentas. Mas a consolidação do personagem veio em 1986 com a
mini-série especial Batman The Dark Knight Returns, de Frank Miller.
Na HQ, Batman está afastado das ruas, traumatizado
pela morte do Robin. Bruce Wayne virou um bilionário solitário,
assombrado por fantasmas na sua gigantesca mansão. Os super-heróis foram
proibidos de atuar, o crime está em níveis estratosféricos e uma guerra
nuclear está prestes a acontecer. Até que, indignado com o inferno que a
cidade se tornou, Batman volta a caçar criminosos, dez anos depois de
seu exílio.
Seu retorno causa uma série de reações: o Coringa sai
do seu estado catatônico e volta a matar, as pessoas voltam a ter
esperança, um novo Robin surge e o governo americano manda o Superman
deter o morcegão. Roteiro e arte de um inspirado Frank Miller (que
atualmente perdeu a mão). Simplesmente épico! A Warner está produzindo
uma animação dessa saga, que vai ser imperdível! Pena que anos depois o
mesmo Miller fez caquinha com O Cavaleiro das Trevas 2.
(Roteiro de Alan Moore e arte belíssima de Brian Bolland)
Simplesmente
o melhor confronto entre Batman e seu nêmesis, o Coringa. Mais
ensandecido do que nunca, o Palhaço do Crime sequestra o Comissário
Gordon com o objetivo de provar uma teoria: que para ser louco basta
apenas um dia ruim na vida de qualquer pessoa. No processo, ele atira na
filha do comissário (Bárbara Gordon, a Batgirl), que fica paraplégica. O
genial da HQ é a narrativa paralela onde Moore mostra a trágica origem
do Coringa e o papel que o Batman teve nesse acontecimento. A sequência
final é antológica, com os dois gargalhando juntos debaixo de um toró.
(Neil Gaiman e diversos artistas)
“Com um punhado de areia, eu mostrarei o terror a vocês!”
O
que falar de Sandman sem ser repetitivo? A obra de Neil Gaiman é tão
emblemática que praticamente reinventou o gênero quadrinho adulto nos
EUA. Foi por causa de Sandman que a editora criou o selo adulto Vertigo,
berço de grandes obras em quadrinhos, dignas de figuras em qualquer
lista de Melhores Quadrinhos de todos os tempos.
Gaiman criou todo um universo próprio dentro do
universo DC, com personagens marcantes e tramas cheias de referências à
cultura pop, mitologia, literatura, artes visuais, ocultismo e por aí
vai. Foram 75 edições irretocáveis, com sagas inesquecíveis como
Prelúdios e Noturnos, Terra dos Sonhos (com histórias independentes e
imperdíveis: Callíope, Sonhos de Mil Gatos, Sonho de Uma Noite de Verão e
Fachada), Estação das Brumas, Um Jogo de Você…
A saga do Lorde Morpheus já foi reeditada diversas
vezes, mas a atual encarnação da série é obra da Panini Comics, que tem
belíssimos encadernados com as hq’s + extras, em embalagem de luxo.
Custa caro, mas vale a pena.
(Roteiro de Marv Wolfman e arte foda de George Perez)
Pense numa editora prá gostar de crises! A DC Comics vive fazendo reboots de seus personagens, uns interessantes (como o atual)
e outros totalmente dispensáveis (Zero Hora). Mas o principal foi essa
série em 12 edições lançada entre 1985 e 1986. O objetivo dela foi o de
colocar ordem na zona editorial no qual a editora se meteu, já que ela
tinha adquirido centenas de personagens de outras editoras menores e
criado universos distintos para cada um deles – o chamado Multiverso.
Marv Wolfman teve um trabalho de cão prá colocar isso
em ordem e inventou uma crise cósmica, onde dois personagens (Monitor e
AntiMonitor) lutavam pelo multiverso. Apesar de em alguns momentos a
trama ficar confusa, Wolfman conseguiu amarrar as pontas e deixou várias
pontas a serem aproveitadas pelos futuros roteiristas da casa.
As trágicas mortes da Supermoça e do Flash foram
emblemáticas. Além disso, a história aborda temas como determinação,
superação, heroísmo e sacrifício. É uma excelente aventura de
super-heróis, que chamou a atenção pela grandiosidade e pela arte
detalhista de George Perez, o homem que consegue colocar mil personagens
numa única ilustração. Obrigatório para entender o universo DC. Pena
que anos depois a editora voltou com esse papo de multiverso. Esse povo
não aprende.
(Roteiro de Alan Moore, arte de Steve Bissette e John Totleben)
Uma
das características dos roteiristas ingleses de quadrinhos (Gaiman,
Morrison, Moore) é o de pegar personagens secundários (ou terciários…) e
dar um novo olhar sobre eles. Gaiman fez isso com Sandman, Morrison com
o Homem-Animal e Alan Moore com o Monstro do Pântano.
Em sua origem, o monstro lodoso era Alec Holland, um
cientista que sofreu um acidente, caiu em chamas no pântano e se
transformou num monstro verde. Alan Moore muda tudo isso ao revelar que o
monstro nunca foi Alec Holland e sim que os vegetais do pântano
absorveram a fórmula química que ele estava desenvolvendo, além de suas
memórias e da aparência humana. Assim, o Monstro do Pântano de Moore é
um Elemental da natureza e a partir daí suas histórias focam essa
característica do personagem – ele pode viajar pelo verde, isto é, se
desfaz fisicamente num local e sua consciência emerge a quilômetros de
distância, criando um novo corpo vegetal. Foi o personagem que tornou
Alan Moore um ídolo nos EUA e no resto do mundo.
Nas 45 edições, Moore cria um universo de terror, com
histórias adultas e cenas impactantes. Pena que, no Brasil, a série
tenha ficado incompleta. Mas é fácil de achar por aí os encadernados da
Editora Abril e da Pixel Media (essa com mais qualidade).
Com o atual sucesso do personagem no reboot da DC,
quem sabe a Panini não se interessa em republicar as hq’s de Alan Moore e
completar a saga por aqui. Vamos fazer um abaixo-assinado?
Na próxima semana: Estórias Gerais, A Queda de Murdock, Zap Comix, Maus, Toda Mafalda
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