Sempre houve uma certa implicância, um mal estar entre as duas maiores lideranças dentre os X-Men depois do afastamento do Professor Xavier. Wolverine sempre foi o durão, o lobo solitário, o cara que faz tudo sozinho, e faz o que precisa ser feito (talvez por isso seja o melhor naquilo que ele faz). Scott Summers, o Ciclope, sempre prezou o correto, o justo, e sempre relevou consequências para seus atos. Wolverine era o braço direito, Ciclope era o discípulo favorito. Com a saída de Xavier era só uma questão de tempo, até ser evidenciada as diferenças entre os dois lados.
Schism (ou Cisão, como vi muitos traduzindo) é uma saga em cinco edições que tem esse “problema” como foco. O estopim seria ali, e assim se fez. Schism parecia um algo a mais, algo que parecia que iria botar fogo em TODOS e não só os protagonistas, mas no fim, foi a gota d’ água, pois a verdadeira cisão já estava acontecendo aos poucos, nos anos que antecederam.
Os spoilers são mínimos, nenhum acontecimento está retratado até o fim, na maioria das vezes citado, e comentado. Coloquei um aviso logo depois do continue sobre um spoiler da saga que antecede a revista, Schism. Mas prossiga por sua conta.
[Spoiler]No fim Logan quis proteger a todos, e Scott quis lutar ao lado de todos. Achei um tanto irônico, que o politicamente correto acabou unindo todos os mutantes (e até os menores, que foram um dos motivos principais das divergências), e o Wolvie colocou a vida dos pequenos acima de qualquer luta.[Spoiler]
Mas vamos parando de falar um pouco de Schism por aqui. Com a sua saída de Utopia (a ilha aonde os X-Men residiam, um lugar independente, sobre sua jurisdição), Logan decidiu reativar o Instituto Xavier para Estudos Avançados (antiga Escola Xavier para Jovens Superdotados) – agora rebatizado com o nome de Instituto Jean Grey para Estudos Avançados – e foi pedir a ajuda de alguns parceiros de combate antigos, e ver quem estava insatisfeito com as atitudes tomadas pelo líder atual dos X-Men.
O cast ficou bem bacana. Kitty Pride tem cara de séria, Bobby é meio bobão, mas amadureceu muito, Fera é o cara das tecnologias, do conhecimento e tudo mais. E claro, ninguém quer se meter com Wolverine, o durão diretor do colégio. Esses são os personagens que basicamente compõem a escola no seu dia-a-dia. Existem outros professores como Gambit e Vampira, mas que normalmente dão as caras em outros grupos (da facção do canadense), e aparecem em um quadro aqui ou acolá.
Os alunos foram bem escolhidos. Jason Aaron trouxe de nerds a rebeldes sem causa. Kid Ômega é um dos personagens mais interessantes do livro. Ganhou importância até por ter desencadeado uma série de eventos a nível mundial, e acha que os mutantes são superiores. É aquele garoto que gosta de peitar todo mundo, principalmente o diretor da escola, e até sacaneia alguns alunos, o que dá um toque daquelas séries americanas de escola mesmo.
O primeiro arco foi mais sobre a estruturação da escola, e sua legalização. Os dois inspetores educacionais que apareceram para ver se as instalações do Instituto eram apropriadas para a prática escolar acabam se vendo em meio a eventos hilários com explosões, ataques e tudo de mais bizarro que poderia acontecer. É impagável Logan tentando concertar as lambanças (e praticamente desistindo no meio), e Kitty sempre sensata, falando calmamente com os assistentes.
A participação do novo Clube do Inferno esquenta mais as coisas, e indica quem fará um dos papéis de inimigos da escola. Falando rapidinho sobre a formação de super vilões, é ver pra crer. O filho de um magnata que fabrica armas, um descendente do Doutor Frankenstein., uma garotinha inocente sedenta por sangue. Sim, garotinha, já que todos não devem ter mais que 12 anos de idade!
O ataque, e consequentemente a luta, tomou grande parte das páginas até agora, e agregou ainda mais a escola no fim. A escola Jean Grey fica cada edição mais incrementada com novos alunos de peso como um clone de Apocalipse, e o próprio Anjo (sim, o próprio Warren Worthington que fazia parte da equipe original de Xavier) que perdeu sua memória devido a acontecimentos que culminaram na sua purificação da semente do apocalipse, e o fim de seu alter-ego, Arcanjo. Na revista esses acontecimentos (que são derivados da outra melhor revista dos X-Men, na minha opinião, a X-Force de Rick Remender, e da melhor saga desta até então), são explicados basicamente para situar o leitor, então não se preocupem em ficar “perdidos”.
Quase esquecendo dos Bamfs! Os bichinhos são hilários! Eles se tratam de pequenos seres semelhantes ao Noturno, mas em tamanho reduzido, que agem sem nenhum pudor com relação a regras ou coisas do tipo. Roubam as bebidas do Logan, invadem as aulas (porque também tem aquele teleporte característico), sacaneiam os alunos… São o alívio cômico #1 da revista na minha opinião.
E com isso Logan vai tocando sua escolha (que aliás tem um desfecho muito surpreendente sobre a sua “aprovação” legal), e às vezes lutando no comando da X-Force. Mas voltando ao início do texto, você lembra daquela animação X-Men Evolution? Wolverine and The X-Men parece pegar exatamente essa essência (e os desenhos de Chris Bachalo ajudam muito), de um clima leve, mas que ao mesmo tempo tem de lidar com a questão do preconceito que ronda as revistas dos mutantes.
Eu achei Schism corrida, alguns dizem que a separação foi pra vender mais revista, mas uma coisa é certa: Wolverine and The X-Men valeu tudo isso.
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