E o nosso pionerismo também foi responsável por trazer uma grande responsabilidade, uma vez que o nosso público leitor encontra-se sempre ávido por notícias originais e que fujam ao padrão já pré estabelecido por outros sites, que se intitulam divulgadores da cultura asiática. Não obstante o Universo Japonês se lança em uma outra atitude pioneira, algo muito semelhante a um quadro apresentado na Rede Globo, no programa do Fantástico, no qual faremos uma avaliação do tratamento que as editoras de mangás cedem aos leitores.
No Brasil as principais editoras de mangás são:
Conrad
JBC
New Pop
PANINI
O nosso teste foi bem simples, criamos dois personagens fictícios, um homem (Igor) e uma mulher (Diana), ambos escreveram para as editoras mencionadas acima, elaboraram questões distintas e com grau de complexidade variados.
Objetivo:
1º Avaliar o tempo hábil de resposta de cada editora
2º Avaliar se existiria uma distinção do tratamento destinado a homem ou mulher
3º Avaliação do esclarecimento a questão e forma de linguagem aplicada
Perguntas:
A pergunta feita pelo homem, Igor, foi:
"Olá, meu nome é Igor, sou de São Paulo. Estou escrevendo pois possuo interesse em adquirir uma assinatura de alguns títulos de mangá que vocês publicam, gostaria de saber detalhes tais como preço, se aceitam cartão, ou se trabalham com esse tipo de serviço"
A pergunta da mulher, Diana, foi:
"Me chamo Diana, sou estudante de administração da USP, atualmente estou trabalhando em meu TCC e o foco de minha pesquisa é focado no mercado editorial brasileiro, logicamente pretendo abordar o mercado dos mangás, mas para que isso se torne possível gostaria de estar realizando algumas perguntas que seriam de fundamental importância para saber a viabilidade de levar esse projeto adiante. São elas:
Como é calculado o valor final de uma edição?
Qual o custo em média para que uma dessas séries sejam licenciadas no país?
Como é feita a setorização dos títulos a nível nacional? (Se possível gostaria de saber os motivos dessa distinção e se é feito algum estudo para avaliar o mercado consumidor)"
Como se é possível perceber, as perguntas elaboradas possuiam diferentes graus de complexidade, e isso não foi feito a toa, o principal motivo encontrava-se no fato de saber se existiria diferenciação no tratamento para homens e mulheres.
Será que uma mulher que possuia muito mais dúvidas e que precisa ter uma resposta melhor trabalhada, teria uma resposta mais rápida? A qualidade das respostas seriam de fato esclarecedoras?
As perguntas foram enviadas nos dias 11 de março (Diana) e 15 de março (Igor). Antes de verificarmos o resultado, mostraremos a localização em que cada site deixa sua página de contatos (clique nas imagens para vê-las ampliadas):
Conrad
Se tratando de visibilidade, o site da Conrad e PANINI deixam maior destaque para contatos, a JBC deixa em seu menu lateral, mas na última posição. No site da New Pop os contatos se encontram na parte superior e inferior da page, porém apenas é encontrado se observar adequadamente, se a intenção deles com isso é com que a pessoa desista de fazer contato, estão no caminho certo.
Envio das mensagens
Comprovando o que havíamos dito, abaixo podem ser verificados os envios das mensagens, com as datas:
Diana
Conrad: Parte 1 | Parte 2
JBC: Parte 1 | Parte 2
New Pop: Parte 1 | Parte 2
PANINI: Parte 1 | Parte 2 | Parte 3
Igor
Conrad: Parte 1 | Parte 2
JBC: Parte 1 | Parte 2
New Pop: Parte 1 | Parte 2
PANINI: Parte 1 | Parte 2 | Parte 3
A editora PANINI exige a autorização para usar seus dados pessoais para que o fórmulário possa ser enviado.
CONCLUSÃO
Após mais de 50 dias, o resultado obtido é de total falta de respeito.
Além dos inúmeros problemas que tivemos de enfrentar para entrarmos em contato também nos deparamos com o silêncio das editoras em face as nossas dúvidas. Independente de ser homem ou mulher, nenhuma dúvida foi respondia ou tampouco teve o mínimo esclarecimento.
Para alguns esse teste não terá a menor serventia ou tampouco alguma validade, e alguns se perguntarão: "Por que realizar tal teste?"
Já faz um pouco mais de uma década que essas editoras encontram-se enraizadas em nosso hábitos e costumes, nos habituamos a comprar os seus produtos e aceitar os seus mandos e desmandos (aumento de preços), sem realizarmos uma profunda reflexão sobre este assunto.
Quando as editoras de mangás começaram a desenvolver suas atividades o preço do mangá era infinitamente inferior ao que hoje é praticado, com preços girando em torno de R$ 3,50 a 5,10, e sempre é importante ressaltar que o preço do dólar naquela época era algo próximo a 4 reais. É válido ressaltar a cotação da moeda americana na época, pois foi devido ao seu elevado valor perante ao real que as editoras justificaram o aumento discriminado de seus produtos.
Desculpas esdrúxulas que mencionavam a qualidade do papel, a tinta, e inúmeras outras coisas que eram usadas nas confecções dos mangás foram usados como base argumentativa para os valores que eram e até hoje são praticados.
A grande verdade é que o tempo passou, o dólar se estabilizou mas de forma bem diferente ao do petróleo, a estabilização da moeda americana não fez com que o preço dos mangás se tornassem menos salgados. E a única explicação plausível para este acontecimento está na apatia de seus consumidores, uma vez que os mesmos não realizam uma profunda reflexão dos preços hoje praticados e talvez porque temam não possuir o produto de sua adoração em suas prateleiras.
As perguntas realizadas pela personagem Diana poderia ter nos auxiliado a compreender o pensamento daqueles que hoje são responsáveis pela produção dos mangás, e detalhes como preço de licença, setorização e inúmeros outros detalhes, mas parece que as editoras Conrad, JBC, New Pop e PANINI não querem justificar de forma clara a razão dos preços que elas praticam.
universo-japones.blogspot
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