Qual a relevância do Homem de Aço nos dias atuais?
Não sou muito de acompanhar as histórias
mensais do Superman, prefiro as histórias soltas (como Entre a Foice e o
Martelo, Identidade Secreta, As quatro Estações…) e aquelas publicadas
no Brasil e por isso na ocasião de sua publicação americana não pude
acompanhar “What’s So Funny About Truth, Justice & the American
Way?”, uma história publicada originalmente em Action Comics #775 (Maio
de 2001). Foi escrita por Joe Kelly e desenhada por Dough Mahnke e Lee
Bermejo. Também não ajudou o fato dessa história ter sido ignorada pela
Abril e só ter sido publicada no Brasil depois de 7 longos anos pela
Panini, dentro da Coleção DC 70 Anos #1, rebatizada como “Olho por
Olho”.
Antes tarde do que mais tarde, lembro
que quando eu finalmente pude ler pela edição da Panini, eu fiquei
impressionado com a proposta da história. Basicamente aqui é questionada
as ações do Superman frente ao estado em que se encontra nossa
sociedade. Esse questionamento é levantado por um grupo de pessoas
extremamente poderosas: Manchester Black, Zoológica, Chapéu e Fusão a
Frio. O quarteto de pretensos heróis se auto-denomina A Elite e passa a
combater as maldades e mazelas da sociedade.
Inicialmente, eles aparentam ser um
grupo bem intencionado e até ajudam Superman algumas vezes. Mas logo
fica demonstrado que sua posição é radical em relação ao modo como se
deve punir aqueles que cometem atos vis. E conseguem até apoio público,
incitando as pessoas a acareditarem que as ações tomadas pelo Superman
são antiquadas demais para nosso mundo atual. Literalmente, o grupo
prega a tolerância zero.
Ocorre um debate de idéias sobre esse
tópico. O Superman mesmo se pergunta se seu modo de agir ainda é
relevante e correto. Deveria ele agir como juiz, júri e executor? Ele
não é passivo demais com atos criminosos? Ele não deveria matar logo o
Parasita, por exemplo, do que colocá-lo na prisão e correr o risco de
uma fuga que resulte em mais inocentes atingidos?
Há várias linhas de raciocínio que podem
se aplicar a nossa vida ou mesmo a própria indústria dos quadrinhos,
onde cada vez mais o mundo não é tão preto no branco, mas sim com várias
tonalidades de cinza. às vezes, é difícil saber quem está do lado
certo, quem é realmente o vilão e quem só quer o nosso bem. A linha que
justamente divide o bem do mal é por diversas vezes tênue, e esse debate
é um dos grandes méritos dessa história, transposta para o formato
animação pelo próprio Joe Kelly, lançada agora no Brasil (pena que só em
DVD). Assisti ela hoje e por isso resolvi matar dois coelhos com uma
caixa d´àgua só.
O resultado é que a animação consegue
ser tão boa quanto a fonte inspiradora, senão melhor. É o nono longa
animado do Superman e para mim divide o posto de melhor dessa série
junto com Superman All-Star. Muito legal notar que nos créditos inicias
usaram recortes da antiga animação do Superman, naquele traço clássico
imortalizado pelo Curt Swan. É um easter-egg interessante levando-se em
conta o contexto da discussão que o filme propõe. A animação apresenta
um estilo oriental, mas com a narrativa conservando características
ocidentais (ufa!). O traço segue um meio-termo entre o antigo e o novo,
mais uma vez uma referência bem sacada.
portallos.com
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