O sucesso comercial de Valkyrie Profile acabou gerando outros games como Valkyrie Profile: Silmeria (PS2) e Valkyrie Profile: Lenneth (PSP), então sempre vale a pena dar uma relembrada nesse grande e inovador game da parceria entre Tri-Ace e Enix para o PS1. O saudoso console da Sony com certeza ficou marcado pelos seus inúmeros rpgs e Valkyrie Profile, lançado em 1999, certamente está entre os pesos-pesados, como a série Final Fantasy, Xenogears e Chrono Cross. Valkyrie Profile é um dos jogos
mais inovadores que saiu para o Playstation e apresenta um enredo que
gira em torno da mitologia nórdica. É um game inovador, complexo e
maravilhoso que oferece muito aos jogadores: um sistema de batalhas divertido, personagens
cativantes e um cenário com conflitos inimagináveis. Você vai se
emocionar ao explorar os segredos e mistérios escondidos na história em
geral, e apesar de ser um RPG, apresenta traços marcantes de outros
estilos e é um dos mais belos games em 2D já feito, lembrando um pouco o
estilo de outro grande clássico: Castlevania Symphony of the Night.
A História
O conflito central da trama gira em torno do Ragnarok, uma batalha entre os deuses que pode culminar no fim do mundo. O conflito final entre os deuses de Aesir e Vanir está se aproximando rapidamente e você, Lenneth Valkyrie, estará na linha de frente. A mitologia diz que as Valkyries
são mulheres guerreiras responsáveis em transportar a alma dos mortos
deste mundo para o outro. Lenneth é uma das três deusas Valkyries que
comandam o destino daqueles que já morreram.
Lenneth vai até o mundo dos mortais, Midgard, para recrutar almas de guerreiros para que possam se tornar Einherjar, guerreiros divinos, mas para tanto não adianta serem apenas fortes ou hábeis, mas devem possui caráter em sua personalidade.
A Valkyrie viaja pelo mundo e entra na vida dos heróis um pouco antes ou depois que eles morrem. Há mais de 20 personagens
que se juntam ao seu time, cada qual com a sua história. Sendo a
Valkyrie uma emissária da morte, não é de se surpreender que muitos
cenários do jogo sejam cheios de grandes tragédias e drama.
Com uma guerra acontecendo em Valhalla, o mundo dos deuses, as almas colhidas não podem ficar em Midgard para sempre e devem ser mandadas para o exército de Odin,
o senhor dos deuses, que precisa de generais e soldados. Mas
simplesmente pegar o personagem não é o suficiente. Você deve usar e
melhorar seus personagens antes de mandá-los para os céus. Você
distribui CPs (Character Points) ganhos em batalhas
para aumentar habilidades como poder de ataque, liderança,
sobrevivência, táticas e assim por diante. Esses CPs também podem ser
usados para melhorar a personalidade de seu guerreiro, fazendo dele mais
heroico e assim mais eficiente nas batalhas. Há personagens com status
negativo, como os egoístas, os que não trabalham em grupo, etc. Uma vez
que o personagem melhorou satisfatoriamente,
Valkyrie poderá transferi-lo para a grande batalha em Valhalla. Algumas
vezes Odin irá requerer determinados guerreiros, como melhores líderes,
guerreiros poderosos, sobreviventes. Satisfazer esses pedidos é de suma
importância para o sucesso.
Gráficos
Valkyrie Profile é, como eu já disse no inicio, quase totalmente em 2D, o que dá ao jogo um diferencial dos outros RPGs e um charme todo especial. Os gráficos são muito belos e detalhados, as cidades, as dungeons, os personagens e qualquer outra coisa que apareça na tela é rico em detalhes, uma verdadeira obra-prima nostálgica, que hoje em dia não se vê mais em um game. Os cenários foram feitos a mão e é um dos mais belos desde Legend of Mana e Saga Frontier 2, que também possuem cenários feitos a mão. Prestem atenção na roupa da Valkyrie por exemplo, vejam como ela é detalhada e como ela muda quando a personagem se movimenta (aliás, sua movimentação lembra ao de Alucard de Castlevania, que deixa atrás de si um espectro). Há várias cenas no jogo, que contam as histórias dos personagens, que você vai apenas querer relaxar e apreciar o momento. O jogo conta com várias camadas de efeito parallax, como a cena de um vale cheio de flores em que assopra um vento e várias pétalas começam a voar, enquanto ao fundo uma bela montanha rodeada de nuvens pode ser vista. O jogo ainda utiliza vários efeitos de luz e sombras, conferindo um visual ainda mais bonito ao game.
As cidades e as dungeons foram feitas
todos ao estilo side-scrolling, o que não é muito comum em um RPG. Esse
estilo já foi usado em rpgs mais antigos, como Ys III,
mas o resultado final acabou não agradando muito. Felizmente isso não
acontece em Valkyrie Profile, o jogo possui muita ação com um sistema de
combate RPG embutido. Mas não pense que, só por ter a exploração dos
lugares no estilo jogos de plataforma, é que as coisas irão ficar mais
fáceis. Há muitas escadas, cordas, plataformas para serem usadas a
alcançar novos lugares, sem dizer das habilidades da Valkyrie que podem
ser usadas nesses lugares também.
As cenas de batalha são muito bem feitas
também, os personagens são grandes, detalhados e possuem belas
animações, mostrando do que o Playstation é capaz (não é só o Saturn que possui boas animações 2D).
Entre as animações, podemos ver posições de ataque, os golpes em si e
geniais ataques de magia, e também ataques especiais, como é o caso do Nibelung Valesti
de Valkyrie. Depois de uma sequência de golpes, o ataque conclui com
uma bela animação: asas se materializam nas costas do corpo brilhante de
Valkyrie e no ar ela descarrega no seu oponente um poderoso ataque com
uma lança, que possui a forma de um falcão. Cada um dos personagens
possui seu ataque especial e todos são muito belos, alguns até possuem
pequenas animações de FMV, o que prova que uma boa animação de anime
pode muito bem substituir gráficos 3D e CGs. Há vários tipos de
personagens que você irá encontrar, como cavaleiros, samurais,
feiticeiras e assim por diante, todos muito bem desenhados e detalhados.
Músicas
A trilha sonora orquestrada e é assinada pelo competente Motoi Sakuraba, um dos melhores, juntamente com Nobuo Uematsu, para compor músicas de RPG. Valkyrie Profile possui belíssimas composições, mas que podem ficar meio repetitivas, principalmente nas dungeons que são muito longas e as músicas são curtas.
Mas é claro que o game possui pérolas
musicais, especialmente os temas que foram feitos para as sequências que
contam as histórias dos personagens, ou a abertura, que mostra a
infância de Valkyrie e que tem uns 15 minutos. Você vai ouvir, entre
outras coisas, flautas, harpas, guitarras, baterias, orgãos, tambores,
violinos, coros entre outras coisas. Uma verdadeira orquestra.
Maravilhoso! Como podem ver, Motoi Sakuraba é bem versátil ao compor
suas músicas, e podemos notar que ele ainda tem o pézinho em suas
origens musicais: o rock progressivo.
Como estamos falando de músicas para
deuses de Asgard, vamos ter composições bem imponentes, como é o caso de
“Valhalla”, música tema de Odin e seu palácio. São mais de 70 músicas e
tem para todos os gostos. Eu pessoalmente prefiro as músicas mais
lentas e sombrias, que é onde eu acho que o trabalho de Sakuraba se
sobressai. Mas há músicas mais agitadas para as dungeons cheias de ação,
há músicas mais obscuras e sombrias (afinal, temos muitas mortes por aqui) e por aí vai.
Os sons de efeitos são maravilhosos,
muito bem elaborados, bem variados e casando muito bem com o game. O som
das espadas, das magias como fogo, gelo, vento, é tudo muito bem feito e
vai agradar àqueles com ouvidos mais sensíveis e críticos.
Além disso temos muitas vozes durante o
game e até algumas narrações, algo também não muito comum naquele tempo.
A dublagem americana até que ficou muito boa e a atuação dos atores é
competente e dá para notar a preocupação que tiveram ao encarar a
personalidade de cada personagem, como Arngrim, um guerreiro que é rude e brutal, ou Jelanda, uma princesa esnobe, egocêntrica e egoísta.
Jogabilidade
A jogabilidade de VP é muito boa e não há grandes segredos. No início você terá ajuda da deusa Freya, que explicará como funciona os sistemas de combate e exploração. O jogo é dividido em 8 capítulos e cada capítulo possui 24 períodos, o que matematicamente resulta em 192 períodos, que vai decaindo até a batalha final, Ragnarok. Esse é o tempo que Valkyrie conta para completar sua missão e resolver os mistérios da sua própria origem. Novos capítulos significam a introdução de novos personagens, aventuras e objetivos. Para realizar seu objetivo de encontrar almas espalhadas pelo mundo, Valkyrie conta com um poder que lhe será muito útil, a Concentração Espiritual.
Essa habilidade permite que a onipotente
Valkyrie escute as vozes das almas próximas da morte, em qualquer lugar
do mundo, dando uma pista da onde você deve ir, que pode ser uma dungeon
com batalhas cheia de monstros ou assistir a uma sequência de história
de mais uma alma perdida.
Diferente de um RPG comum, Valkyrie
Profile desencoraja o fator de exploração, comum nos RPGs lineares, e
você não poderá ficar vagando por aí para explorar dungeons ou melhorar
sua equipe. Cada vez que você entra em uma localidade, em uma batalha ou
qualquer outra coisa, uma certa quantidade de períodos é gasto. Não há
tempo o bastante, em um capítulo, para completar todos os objetivos,
então você deverá escolher quais quer completar. Se você entrar
acidentalmente em uma cidade, mesmo que só por um momento, o tempo irá
passar. Os jogadores que quiserem ter sucesso, devem gastar o tempo
disponível recrutando novos personagens e melhorando os antigos. Isso
pode causar uma estranheza em jogadores acostumados a exploração de
labirintos.
Nas dungeons, que são totalmente em 2D,
Valkyrie pode pular, correr, atirar cristais de gelo para criar
plataformas temporárias nas paredes. Portas dentro e fora da tela
conectam planos paralelos em 2D. Felizmente há um mapa eficiente que o
ajudará a visualizar as ligações e o lugar em geral. Mas a experiência
pode ser meio estranha para jogadores acostumados com os RPGs
tradicionais.
Você ainda pode escolher os inimigos que
vai enfrentar, não tendo aqui batalhas randônicas. Se você acertar o
inimigo com uma espadada, na batalha é você que irá dar os primeiros
golpes. Cada um dos 4 personagens da equipe corresponde a 1 dos 4 botões
do playstation, apertando um botão faz com que o personagem execute um
ataque, e um personagem pode executar vários ataques múltiplos no mesmo
turno apertando várias vezes o botão. O sistema de batalhas é genial,
uma mistura de tempo real e turnos. O sistema fica muito mais
interessante, e que novamente se destaca de outros RPGs, com a
introdução dos combos. Botões apertados corretamente
podem gerar ataques simultâneos. Por exemplo, um inimigo defende o
ataque de um personagem por terra, mas é atingido por um ataque aéreo de
outro personagem, quando entra outro e continua acertando até
derrotá-lo. Caso Lenneth venha a falecer em uma batalha, seus Einherjar
irão falecer pouco a pouco durante os turnos de batalha, pois todos tem a
sua alma dependendo dela. Combos bem efetuados são recompensados com
mais experiência e itens raros, incentivando os jogadores a progredir
simplesmente apertando os botões.
Conclusão: Valkyrie Profile foi um jogo inovador para a sua época, fugindo do esquema batido dos RPGs clássicos. Ele pode assustar um pouco a primeira vista e parecer meio complexo, mas não precisam ter medo pois é fácil a adaptação ao seu estilo de jogo. Com certeza está entre os melhores RPGs já feitos para o playstation e seu grande ponto forte é o seu enredo, mostrando a vida dos personagens até o momento da sua morte. Mesmo depois que você os manda para Valhalla, você poderá acompanhar as suas performances entre os capítulos e ler sobre suas atividades. O jogo possui gráficos belíssimos, um sistema de batalhas que irá agradar a todos e personagens maravilhosos, que receberam um trabalho de arte altamente detalhado, como poucos jogos podiam oferecer naquela época. O jogo possui três finais diferentes, além de muitas armas e itens, o que fará os jogadores jogá-lo muitas vezes depois de terminá-lo. Altamente recomendado, Valkyrie Profile certamente será uma experiência que você não vai esquecer.
Nome: Valkyrie Profile
Sistema: PlayStation
Desenvolvedora: Tri-Ace
Ano de Lançamento: 1999
Nota da análise: 9/10
+ Excelente enredo e personagens
+ Ótimos efeitos visuais, gráficos e trilha sonora
- É meio curto e não muito difícil
+ Ótimos efeitos visuais, gráficos e trilha sonora
- É meio curto e não muito difícil
The Warrior Maiden
fonte:http://cantogamer.com
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