Cultura do Japão
A cultura do Japão evoluiu enormemente com o tempo, da cultura do país original Jomon para sua cultura híbrida contemporânea, que combina influências da Ásia, Europa e América do Norte. Depois de várias ondas de imigração do continente e Ilhas do Pacífico, os habitantes do Japão experimentaram um longo período de relativo isolamento do resto do mundo sob o Xogunato Tokugawa até a chegada dos Navios negros da Era Meiji. Como resultado, uma cultura distintivamente diferente do resto da Ásia desenvolveu-se, e resquícios disso ainda existem no Japão contemporâneo.
No último século, a cultura japonesa foi também influenciada pela Europa e pela América.
Apesar dessas influências, o Japão gerou um complexo único de artes (ikebana, origami, ukiyo-e), técnicas artesanais (bonecas, objetos lacados, cerâmica), espetáculo (dança, kabuki, noh, raku-go, Yosakoi, Bunraku), música (Sankyoku, Joruri e Taiko) e tradições (jogos, onsen, sento, cerimónia do chá), além de uma culinária única.
O Japão moderno é um dos maiores exportadores do mundo de cultura popular. Os desenhos animados (anime)s, histórias em quadrinhos (mangá), filmes, a cultura pop japonesa - literatura e música (J-pop) conquistaram popularidade em todo o mundo, e especialmente nos outros países asiáticos.
Características atuais
Após a derrota na Segunda Guerra Mundial, os estadunidenses tentaram impor o American Way como uma estratégia para deter o avanço do comunismo sobre o país. Porém, diferente do que ocorreu em outros países, os japoneses não só assimilaram como também reinventaram. O mesmo já havia ocorrido com a cultura tradicional. Po r exemplo a escrita japonesa é a mistura de caracteres criados no país (o hiragana e o katakana) com os ideogramas ‘importados’ da China (o kanji). Na religião, a prática de ritos locais, como o xintoísmo, combinou-se com os ritos ‘importados’ da Coréia e da China, como o budismo. Com a cultura pop não poderia ser diferente, ao invés de apenas cultuar ídolos alheios, os japoneses criaram seus próprios ídolos. A fórmula poderia ser americana, mas o produto final tinha que ser culturalmente japonês.
O pop japonês tornou-se um bem sucedido caso de "customização" da industrialização cultural com padrões orientais. Dois mil anos de história e tradições não podiam ser substituídos e o sucesso de um ídolo ou produto depende, até hoje, de sua identificação com o público.
A cultura pop é um fenômeno ligado à industr ialização e à sociedade de consumo. É importante ressaltar que o pop japonês ocorreu e foi beneficiado por condições culturais e ec onômicas extremamente favoráveis que o país conquistou no pós-guerra. Principalmente a partir dos anos 60, quando o então Primeiro-ministro Hayato Ikeda implantou um histórico programa econômico, que em dez anos duplicou e distribuiu de forma ampla a renda per capita do país, criando a nação da maior e mais rica classe média do mundo. Ao mesmo tempo, o país alcançou uma das mais altas taxas de alfabetização e escolaridade do planeta, formando um povo sedento de informação. A cultura pop, em qualquer parte do globo, é baseada em consumo, e isso faz com que o pop seja essencialmente u m fenômeno cultural e comercial.
Fazem parte da cultura pop japonesa itens como o karaokê, yosakoi, mangá, anime, tokusatsu (filmes e séries de efeitos especiais), cinema, garage kits, música (notadamente J-pop e anime songs), games e programas de TV.
Língua
japonesa
A língua japonesa sempre ocupou importante espaço na cultura japonesa. Falada principalmente no Japão, mas também em algumas comunidades de emigrantes japoneses pelo mundo, é uma linguagem aglutinante e a gama de fonemas ja poneses é relativamente pequena mas tem um sistema de acento tonal lexicalmente distinto.
Japonês é escrito como uma combinação de três diferentes tipos de escrita: caracteres chineses Kanji, e dois alfabetos silábicos, Hiragana e Katakana. O alfabeto latino, romaji, é também usado no japonês moderno, especialmente p ara nomes de companhias e logos, anúncios. O sistema numérico hindu-arábico é geralmente usado para números, mas os numerais tradicionais sino-japoneses s ão também comuns.
Artes plásticas
Pintura
A pintura foi uma arte respeitada no Japão há muito tempo: o pincel é um instrumento de escrita tradicional, por isso é natural o seu uso como ferramenta artística.A produção de papel foi introduzida no Japão, vinda da China, por volta do século VII por Damjing e alguns monges de Goguryeo.[1] Mais tarde, o papel tradicional washi foi desenvolvido a partir do papel chinês. Técnicas de pintura japonesa ainda estão em uso nos dias de hoje, bem como técnicas adaptadas da Ásia continental e do Ocidente.
Caligrafia
A língua japonesa, fluída e escrita com pincel, levou ao desenvolvimento de uma complexa técnica de caligrafia. A arte caligráfica costuma ser muito esotérica para as exposições do ocidente, além da exposição geral ser muito limitada. Entretanto, nos países do leste asiático a produção gráfica de um texto é vista como uma forma de arte tradicional, bem como um jeito de transmitir informações por escrito. A obra escrita pode consistir de frases, poemas, histórias ou apenas simples ideogramas. O estilo e o formato da escrita podem imitar conceitos subjetivos, até mesmo o ponto da textura e a velocidade das pinceladas. Pode-se gastar mais de cem tentativas para produzir um efeito desejado em um único ideograma, mas o processo de criar a obra é considerado uma arte em si mesma, além do próprio produto final.
Essa forma de caligafia é conhecida como Shodô (書道), que literalmente significa o jeito de escrever ou caligrafia,ou mais conhecido como Shuji (習字), aprendendo a escrever ideogramas.
É comum confundir a caligrafia com a forma de arte conhecida como Sumi-e, que literalmente significa pintura com tinta, sendo a arte de pintar uma cena ou um objeto.
Escultura
As esculturas tradicionais japonesas consistiam principalmente de imagens budistas, tais como Tathagata, Bodisatva e Myo-o. A escultura mais antiga do Japão é uma estátua de madeira de Amitaba, no templo Zenko-ji. No período Nara, estátuas budistas foram construídas pelo governo nacional a fim de aumentar o seu prestígio. Há exemplos disso, nos dias de hoje, em Nara e Kyoto, com uma colossao estátua de bronze de Buda Vairochana, no templo Todai-ji.
A madeira era tradicionalmente usada como o principal material no Japão, como pode ser observado na arquitetura japonesa tradicional. As estátuas eram geralmente cobertas com ouro ou uma tinta opaca ou brilhante, havendo alguns pequenos traços em sua superfície. Bronze e outros metais também eram usados. Outros materiais, como pedras e cerâmica, tiveram um papel importante nas crenças do povo.
Ukiyo-e
Ukiyo-e, literalmente pinturas do mundo flutuante, é um gênero de pintura em madeira que era popular na arte japonesa do período pré-Meiji. Como essas pinturas podiam ser produzidas em massa, elas estavam disponíveis para vários setores da população japonesa - mesmo aqueles sem riqueza suficiente para adquirirem as pinturas originais - durante o período entre os séculos XVII e XX.
Ikebana
Ikebana (生花) é a arte japonesa dos arranjos florais. Ela ganhou fama internacional devido ao seu foco na harmonia, uso das cores, ritmo e seu design simples e elegante. É uma arte centrada principalmente em expressar as estações, e tem como significado ser um símbolo de algo maior que a própria flor.
Artes cênicas
Os quatro teatros tradicionais do Japão são: noh, kyogen, kabuki e bunraku. O Noh tem suas origens da união do sarugaku com a música e dança feita por Kanami e Zeami Motokiyo. Entre os seus aspectos mais distintos estão as máscaras, fantasias e gestos estilizados, às vezes acompanhado por um leque que pode representar outros objetos. As apresentações do noh eram realizadas em alterância com as do kyogen, tradicionalmente em número de cinco, mas atualmente em grupos de três. O kyogen, que tem personagens humorísticos, tem origens antigas no entretenimento da China do século VIII, desenvolvendo-o no sarugaku. No kyogen, as máscaras eram raramente usadas e, apesar das representações serem associadas às do noh, atualmente muitas não são. O Kabuki apareceu no começo do Período Edo a partir das apresentações e danças de Izumo no Okuni, em Kyoto. Devido à prostituição das atrizes do kabuki, a participação das mulheres nas peças foi proibida pelo governo em 1629, sendo que as personagens femininas passaram a ser representadas apenas por homens (onnagata). Tentativas recentes de reintroduzir atrizes no kabuki não foram bem aceitas.Outra característica do kabuki é o uso de maquiagem para os atores de personagens históricos (kumadori). O bumraku, um teatro de marionetes japonês, foi desenvolvido no mesmo período do kabuki em uma relação de competição e contribuição entre seus atores e autores. A origem do bunraku, entretanto, é mais antiga, existindo já no período Heian. Em 1914, surgiu a Revista Takarazuka, uma companhia composta somente por mulheres que introduziu o teatro de revista no Japão.
Arquitetura
Hondo em Kiyomizu-dera, Kyoto
A arquitetura japonesa tem uma história tão longa quanto qualquer outro aspecto da cultura japonesa. Originalmente muito influenciada pela arquitetura chinesa, ela densevolveu muitos aspectos e diferenças que só podem ser vistos no Japão. Exemplos de arquitetura tradicional podem ser vistos em templos, santuários xintoístas e castelos japoneses em Kyoto e Nara. Algumas dessas construções foram feitos com jardim japonês, que foram influenciados por idéias zen.
Alguns arquitetos modernos, como Yoshio Taniguchi e Tadao Ando são conhecidos por misturarem influências arquitetônicas do Japão tradicional com ocidentais.
Jardins
- Yasugi, Japão.
A arquitetura de jardins é tão importante quanto a arquitetura de construções e é muito influenciada pela origem histórica e religiosa. Ainda hoje, a pintura com tinta monocromática é a forma de arte mais associada ao budismo zen. Um princípio primário de design de um jardim é a criação de uma paisagem na qual ela será baseada, ou pelo menos, muito influenciada pela pintura de paisagem com tinta monocromática em três dimensões, sumi-e ou suibokuga.
Vestuário
- Uma criança usando um
- kimono.
O vestuário japonês distingue o Japão de todos os outros países do mundo. A palavra japonesa kimono significa "algo que alguém veste" e ele é a roupa tradicional do Japão. Originalmente, a palavra kimono era usada para todos os tipos de roupa, mas com o passar do tempo, ela passou a se referir especificamente ao vestido longo também conhecido como "naga-gi", significando "longo vestido", que é ainda hoje usado em algumas ocasiões especiais por mulheres, homens e crianças. Kimono e todos os outros itens do vestuário tradicional japonês são conhecidos coletivamente como "wafuku", que significa "roupas japonesas, em oposição a "yofuku" (vestiário ocidental). Existe uma grande variedade de cores, estilos e tamanhos. Os homens geralmente usam cores mais escuras, enquanto mulheres tender a usar cores mais brilhantes e, especialmente para mulheres mais jovens, frequentemente com desenhos florais ou abstratos.
O kimono de uma mulher que é casada (Tomesode) difere do kimono de uma mulher que não é casada (Furisode). O Tomesode distingue-se por que os seus desenhos não aparecem acima da cintura. Já o Furisode pode ser reconhecido por suas mangas extremamente longas, que medem entre 39 e 42 polegadas. É também o kimono mais formal que uma mulher solteira usa. O Furisode indica não só sua idade, mas também que é solteira.
O estilo de kimono também muda com o passar das estações. Na primavera, os kimonos possuem cores vibrantes com flores bordadas neles. No outono, as cores já não são tão brilhantes, com desenhos da estação. Kimonos de flanela são idéias para o inverno, pois são feitos de um material mais pesado que ajuda a reter o calor. Um dos mais elegantes kimonos é o Uchikake, um longo vestido de seda usado em cerimônias de casamento. O uchikake é normalmente decorado com desenhos de pássaros e flores usando fios de prata e ouro.
Kimonos não são feitos em tamanhos específicos como a maioria das vestimentas ocidentais são. Os tamanhos são apenas aproximados e uma técnica especial é usada para ajustar a roupa apropriadamente.
O obi é um item muito importante do kimono. Ele é uma faixa decorativa que é vestida pelos homens e mulheres japoneses. Embora ele possa ser vestido com vários trajes tradicionais diferentes, é mais comum o seu uso com o kimono. A maioria das mulheres usam um grande e elaborado obi, enquanto os homens normalmente vestem um obi mais fino e discreto.
A maioria dos homens japoneses vestem o kimono apenas em casa ou em ambientes mais íntimos, apesar de ser aceitável que o homem vista o kimono quando recebe visitantes em sua casa. Para eventos mais formais, um japonês pode vestir um haori e um hakama, um tipo de saia dividida com um casaco. O hakama é amarrado na cintura, por cima do kimono até perto do tornozelo. O hakama era inicialmente vestido apenas vestido por homens, mas hoje é aceitável que mulheres também o usem. Ele pode ser vestido com todos os tipos de kimono, exceto a versão para o verão, o yukata, que é mais casual e leve.
Kimonos formais são normalmente usados em camadas, com o número e a visibilidade das camadas, o tamanho das mangas e a escolha dos desenhos sendo ditados pelo nível social, estação e a ocasião em que ele é vestido. Devido a disponibilidade da maioria das pessoas, a maioria dos japoneses usa roupas ocidentais no dia-a-dia e kimonos em festivais ou eventos especiais. Como resultado, a maioria das jovens mulheres japonesas não conseguem vestir o kimono sozinhas. Muitas mulheres mais velhas oferecem aulas para ensinar essas jovens a vestir tal vestimenta.
Happi é outro tipo tradicional de vestuário, apesar de menos conhecido internacionalmente do que o kimono. Ele é um casaco de manga curta que é normalmente desenhado com o símbolo da família, sendo que era muito usado por bombeiros.
O Japão também possui diferentes calçados.
O tabi, é um calçado que cobre o tornozelo e é frequentemente usado com o kimono. Eles costumam ser usados com o "gueta",uma sandália montada em blocos de madeira, presa ao pé por um pedaço de tecido que se fixa entre os dedos. Ele é usado por homens e mulheres, com kimono ou yukata.
Cultura popular
A cultura popular do Japão não reflete apenas as atitudes e preocupações do presente mas também fornecem uma ligação com o passado. Filmes, programas de televisão, mangá, música e video game desenvolveram-se de antigas tradições artísticas e literárias, sendo que muitos de seus temas e estilos de apresentação podem ser atribuídos a formas de arte tradicionais. As formas contemporâneas de cultura popular, assim como as formas tradicionais, fornecem não apenas entretenimento mas também uma válvula de escape para que os japoneses fujam um pouco dos problemas de um mundo industrial. Quando perguntados como eles gastam seu tempo livre, 80% dos homens e mulheres entrevistados em uma pequisa do governo feita em 1986 responderam que gastam cerca de duas horas e meia por semana assistindo televisão, ouvindo o rádio e lendo jornais e revistas. Outros 16% gastam cerca de duas horas e quarenta e cinco minutos em hobbies ou diversão. Outros gastam seu tempo livre participando de atividades esportivas, socializando-se e com estudo pessoal. Adolescentes e aposentados relataram maior tempo gasto com essas atividades do que os outros grupos.
Muitos animes e mangás são muito populares ao redor do mundo bem como video games, música e moda japonesas;o que transformou o Japão em uma superpotência do entretenimento assim como os Estados Unidos e o Reino Unido.
No final da década de 1980, a família era o foco de atividades de lazer, tais como passeios a parques ou distritos comerciais. Apesar de o Japão ser frequentemente visto como uma sociedade com alta carga de trabalho e com pouco tempo para o lazer, os japoneses procuram entretenimento sempre que podem. É comum ver japoneses no trem a caminho do trabalho lendo seus mangás favoritos ou ouvindo, com fones de ouvido no volume máximo, música popular em seus MP3s.
Uma grande variedade de tipos de entretenimento popular está disponível. Há uma grande seleção de músicas, filmes e outros produtos de uma gigantesca indústria de quadrinhos, entre outras formas de entretenimento. Fliperamas, boliches e karaoke são pontos de encontro populares para os adolescentes enquanto pessoas mais velhas podem jogar shogi ou go em lugares especializados.
Juntas as indústrias de editoração, filmes, música e jogos eletrônicos no Japão formam um setor de grande crescimento, que, em 2006, teve um valor estimado em cerca de 26 trilhões de ienes (400 bilhões de dólares).
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Culinária do Japão
Devido a sua longa história culinária, os japoneses desenvolveram uma culinária fina e sofisticada. Nos últimos anos, a comida japonesa tornou-se muito popular no mundo ocidental e no Brasil. Pratos como sushi, tempura e takoyaki são algumas comidas que são conhecidas. De acordo com o Instituto de Pesquisa Cetácea do Japão, "a pesca baleeira e os pratos com carne de baleia são uma parte da culinária japonesa",sendo que o Japão é maior consumidor de carne de baleia do mundo.Acredita-se que a dieta japonesa saudável tem relação com a longevidade do povo japonês.
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