Produzidos em seu auge na década de 40, os cartoons de Tom & Jerry estão entre os que mais sofreram cortes para se adaptarem aos novos tempos. Muito mais do que cenas violentas, pesa sobretudo as conotações racistas.
A suposta empregada negra conhecida como “Mammy Two Shoes”, aquela que nunca mostra o rosto e repreende o Tom o chamando de Thomas, simplesmente desapareceu a partir dos desenhos feitos em 1954. Nos anos 60 foi a vez dos curtas originais 40’s sofrerem fortes alterações.
Sob supervisão do criador Chuck Jones, eles remodelaram a personagem, inclusive a deixando branca ou com trejeitos mais refinados. Na época os conflitos raciais estavam na crista da onda nos EUA.
Só a partir da década de 90, quando a Turner comprou o acervo da MGM que os originais (com ela corpulenta) voltaram a circular TV. Até eles serem redublados logo depois, tirando a voz com forte sotaque sulista, associada ao período escravagista.
Detalhe: A voz, uma referência óbvia à Mammy de ...E O Vento Levou (Gone with the Wind, 1939 de Victor Fleming), era da atriz afro descendente Lillian Randolph. Fora pequenos papeis no cinema, ela era estrela do rádio, sendo Tom & Jerry um dos poucos registros do seu trabalho que poderíamos ter acesso.
São os episódios com o áudio 90’s que o Cartoon Network exibe até hoje. No Brasil parece que continua sendo o mesmo que ouvíamos décadas passadas na TV aberta.
O estereótipo da Mammy, largamente utilizado no cinema e na TV, inclusive nas novelas brasileiras, muitas vezes interpretado pela saudosa Zeni Pereira, é combatido como demonstrações de racismo. Ainda assim, discutível passarem uma borracha num passado duvidoso.
cidadaoquem.blogspot
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