sábado, 28 de julho de 2012

50 Anos de Homem Aranha!!


O Homem Aranha foi criado em Agosto de 1962 pela dupla Stan “the Man” Lee e Steve Ditko, que elaborou o visual do personagem junto de Jack “God” Kirby. Nos longínquos anos 60 o Aranha nem mesmo possuía uma revista própria, e sua primeira aparição deu-se na hoje clássica edição de nº 15 da Amazing Fantasy, revista que publicava histórias de horror e que estava para ser cancelada devido às baixas vendagens. Na época, Stan Lee já havia criado o Quarteto Fantástico, cuja pegada de ficção científica os diferenciava dos demais heróis mascarados que a DC Comics já publicava naquele tempo (Batman, Flash e Lanterna Verde já existiam desde a década de 40), mas foi o Homem Aranha quem trouxe o vigor da juventude que a Marvel necessitava para se tornar de vez uma editora independente e com apelo comercial forte o suficiente para concorrer no mercado com a DC e seus ícones da Era de Ouro.

Se hoje reclamamos que Joe Quesada e seus comandados quererem dar uma cara mais jovem ao personagem, desfazendo seu casamento e o colocando de volta ao “clima sessentista” que o projetou, devemos lembrar que o Homem Aranha e seu alter-ego Peter Parker foram mesmo criados para representar o moleque magrelo e fodido que lia quadrinhos.


Diferente de caras como Superman que além de ser um super-herói poderoso também era bem sucedido em sua carreira civil de jornalista, ou do Batman que podia chorar a morte dos pais enrolado em um cobertor de milhões de Dólares, Peter era um cara comum, com problemas comuns, e dessa forma, mais próximo ao público ao qual suas histórias eram direcionadas. Nem se o leitor quisesse ele conseguiria ser alguém parecido a Bruce Wayne, por exemplo, mas em qualquer esquina você podia encontrar um Peter Parker.


Por essa empatia junto ao público, pelo carisma inserido no personagem pelos roteiros de Stan Lee e pelo visual de seu uniforme, não demorou para que o Homem Aranha se tornasse o herói mais popular da Marvel, deixando para segundo plano caras como Hulk e os Vingadores, que haviam sido criados na mesma época que ele, mas que não falavam direto ao público que lia quadrinhos. Muito desse sucesso refletiu em outras mídias na década seguinte, quando então o próprio Lee conseguiu projetar o Escalador de Paredes para a TV em desenhos animados e no seriado live-action estrelado por Nicholas Hammond. Conhecido também do grande público por causa das séries de TV, além dos leitores habituais de gibis, na década de 80 o herói se firmou de vez como o principal produto de comércio da Marvel Comics, ganhando sagas memoráveis e sendo desenhado por caras como Ron Frenz e John Romita Jr..


O começo da década de 90 também trouxe bons frutos para o Amigão da Vizinhança, que ganhou um novo visual pelas mãos de Todd McFarlane, o cara que revolucionou a forma como todos viam o personagem Homem Aranha. McFarlane acrescentou o olho enorme na máscara do herói e criou a teia de filamentos, além das poses sombrias que o tornavam mais ameaçador e mais flexível do que nunca. A primeira edição da revista Spiderman desenhada por Todd (o herói era publicado em outra revista denominada “Amazing Spiderman”) é até hoje uma das mais rentáveis à editora do Tio Stan, daí as razões pelo qual é importante citar o desenhista na história do personagem.


Com o crescimento das vendas dos diversos títulos mutantes da Marvel, os desenhos de Jim Lee, a popularização do Wolverine graças aos roteiros de Chris Claremont e também pela adaptação dos X-Men para os desenhos animados, o Aranha começou a ser ofuscado pela primeira vez em muitos anos, tornando-se o segundo personagem mais popular da Marvel.
Com a saída de McFarlane dos títulos aracnídeos (ele viria a criar seu personagem Spawn mais tarde), várias outras “crias” do desenhista (entre eles Erik Larsen) tentaram segurar as pontas dos títulos, enquanto os X-Men explodiam em todo mundo, mas nem os desenhos e nem as histórias conseguiram fazer com que o Aranha voltasse ao topo.


Na década de 90 ainda o diretor-chefe da Marvel Bob Harras autorizaria a criação do arco que marcaria a volta dos pais de Peter Parker e a Saga do Clone (sagas até hoje questionadas e execradas), e comprovando que desgraça pouca é bobagem, próximo à virada do século, devido a dívidas que a empresa era incapaz de pagar, a Marvel entrou em processo de falência, o que fez com que os diretores responsáveis começassem a “vender” seus personagens a fim de sair da banca-rota. Por incrença que parível, mais uma vez foi o Homem Aranha que conseguiu salvar a editora do amargo fim.

Sem ter muito o que fazer, a Marvel cedeu os direitos de utilização de alguns de seus personagens para diferentes estúdios de cinema, o que possibilitou que a empresa saísse do buraco com a bilheteria que se provou rentável após o primeiro X-Men, agora de propriedade da Fox. O filme dos mutantes dirigido por Bryan Synger provou, enfim, que a Marvel tinha talento para levar seus personagens para as telonas (após amargos fracassos como o Capitão América da década de 90, Quarteto Fantástico e sua primeira versão tosca e o filme do Nick Fury estrelado por David Hasselhorf, o Michael Knight de Supermáquina), e foi a decisão de levar o Homem Aranha para os cinemas que alavancou de vez tanto a Marvel quanto os filmes de heróis que se encontravam em franca decadência desde o vergonhoso Batman & Robin das concorrentes Warner e DC. O filme de Sam Raimi foi um estouro no mundo todo, e com o Cabeça de Teia a Marvel entrou em um novo milênio totalmente renovada e com um vigor inimaginável depois do susto da falência.

Eu conheci o Homem Aranha no começo da década de 90, graças aos gibis trazidos para casa por meu irmão mais velho e através do seriado da década de 70, que reprisava em algum canal de TV que não me lembro bem qual. Naquela época, meu irmão adquiria seus exemplares em sebos pela cidade, então nós líamos edições do fim dos anos 80 publicadas pela Editora Abril. A primeira que chegou a minhas mãos foi a de nº 43, que estampava uma das ex-namoradas de Peter Parker Debby Whitman (quero ver quem lembra dessa!) atormentada por vários pequenos Homens-Aranhas. Além dessa edição, meu irmão também tinha um dos encontros mais espetaculares dos quadrinhos: Super-Homem e Homem Aranha, que mostrava o segundo encontro dos heróis enfrentando o Dr. Destino e o Parasita (encontro que já comentei aqui).


Não me envergonho de dizer que aprendi a ler com os quadrinhos. Me irritava o fato de ter tanta coisa escrita naqueles balões sem que eu soubesse o que era, e depois que aprendi a juntar sílabas, foi nas páginas dos quadrinhos de meus heróis favoritos que descobri esse mundo maravilhoso da leitura.
Conforme o tempo passava, os gibis de meu irmão já não mais satisfaziam meu desejo em conhecer mais daquele universo fantástico, então, juntando a graninha do lanche, comecei a minha própria coleção. Dos sebos, passei a adquirir as edições fresquinhas da banca de jornal, e decidi começar a colecionar a partir da edição de nº 150 do Homem Aranha, ainda pela Abril. Acompanhei toda a Saga do Clone e todas as sagas que se seguiram a ela, passei a comprar também a edição A Teia do Aranha, depois que ela parou de publicar histórias antigas do Aranha e passou a lançar histórias novas e interligadas à revista tradicional de linha, e mandava pro cofre qualquer outra edição especial com o Cabeça de Teia que era lançada como Grandes Heróis Marvel ou edições em formato americano. Pela primeira vez estava acompanhando meu herói favorito em tempo real (pelo menos no Brasil), e é difícil descrever a sensação de ter que esperar até o outro mês para saber a conclusão de algum arco.

Naquela época, Spoilers só eram liberados por revistas especializadas como a Herói. Ninguém tinha Internet com livre acesso, e portais de notícias que disponibilizavam informações sobre quadrinhos eram raros. Não era de todo ruim ter tão pouca informação sobre o futuro do que viria a ser publicado no Brasil dali há um ano mais ou menos. Fazendo um paralelo com os dias atuais, por exemplo, em que ficamos sabendo do fim de algum arco de histórias meses antes deles serem publicados em Terras Tupiniquins, era mais confortável aquela máxima que diz que a ignorância é uma benção.
De certa forma, assim como boa parte de seu público, eu sempre me identifiquei bastante com Peter Parker.


Eu também era o moleque magrelo e tímido que era zoado pelos valentões da escola (embora não no mesmo nível que ele), que não tinha qualquer aptidão para o esporte e que ainda tinha um azar inacreditável em todos os outros setores da vida. Eu não era órfão, não havia sido criado por tios zelosos e nem tinha talento para ciência como Peter, mas o fato de sua origem ser bem parecida com a minha me fazia ter um carinho especial pelo personagem. Discuti isso recentemente ao resenhar O Espetacular Homem Aranha e as novas características que o personagem possui para se aproximar mais dos jovens atuais. Um Peter que anda de skate, que tem um visual mais “moderninho”, que sabe “xavecar” uma cocota e que peita os desafetos faz muito mais o gosto do público atual do que um nerd otário que se borra todo ao falar com uma garota. Isso não tem mais a cara da nova geração, mas foi com esse Peter que eu sempre me identifiquei, aquele Peter desenvolvido lá nos primórdios da era Stan Lee.


Quando o primeiro filme do Homem Aranha foi lançado no cinema, eu fiquei em extase. Em anos aquele era o MAIOR LANÇAMENTO de uma adaptação de história em quadrinhos que eu já tinha visto (só assisti Batman Forever e Batman & Robin no vídeo cassete) e era meu herói da infância sendo transposto (finalmente) para as telas, exatamente como todo bom fã sempre sonhou em ver.
Me lembro que comprei revistas falando sobre a produção do filme, botei pôster na parede e comprei camisetas do Aranha (na época, eu tinha feito uma pausa em minha coleção e não cheguei a acompanhar o início da fase da Editora Panini com Marvel e DC), tudo para acompanhar o lançamento do primeiro filme dirigido por Sam Raimi. Na época, Tobey Maguire me parecia exatamente o Peter Parker que eu imaginava (essa opinião mudou depois), mas ver no cinema o Homem Aranha se balançando pela cidade com sua teia foi uma das coisas mais empolgantes que já tinha visto na vida.



A princípio tudo me parecia perfeito, e os erros que enxergo hoje no filme (como CGI em excesso e de baixa qualidade) me passaram completamente despercebidos. Ver a luta do Aranha contra seu arqui-inimigo Duende Verde, ver a cena da ponte (onde no original o Duende joga Gwen Stacy e não a Mary Jane) e aquele desfecho onde o vilão praticamente arrebenta com o Aranha no cemitério me faz lembrar até hoje de o quanto esse filme foi especial para mim, algo que o Espetacular Homem Aranha nem sequer conseguiu arranhar de tão pasteurizado que ficou na tentativa de agradar a meninada descolada.

É com muito prazer que presto essa homenagem ao meu personagem preferido, mesmo ele tendo sido tão mal tratado nos últimos anos em suas histórias. Que novas e ótimas fases venham pela frente, e que o Aranha complete 60, 70, 80 anos com dignidade, nos fazendo lembrar que seus ensinamentos são perpétuos. “Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades.”


Nesses 2 anos de Blog do Rodman, fiz vários posts sobre o Amigão da Vizinhança, e nada melhor do que homenagear esse grande personagem das histórias em quadrinhos, nesse post feito especialmente para comemorar os 50 anos dele, do que relembrar o que de melhor foi publicado por aqui sobre o Aranha. (Para visitar os posts, basta clicar nas imagens):

Logo nos primórdios do Blog eu me dediquei a escolher dentre todos os artistas que já passaram pelas revistas do personagem, 10 dos que mais me atraíam, e aqueles que na minha opinião, mereciam destaque especial. Relembre comigo a passagem de caras como Ron Frenz, Alex Saviuk, Todd McFarlane e os inoxidáveis Gil Kane e John Romita Sr. pelas páginas do Aranha.

A Saga do Clone é até hoje um dos arcos mais polêmicos da história do Homem Aranha (talvez superado por One More Day), e nesse post me dediquei a analisar sua versão definitiva (lançada pela Panini) que visava mostrar como a saga havia sido concebida originalmente, antes das decisões editoriais de alongáááááááá-la mais do que o era necessário.
Compartilhe minha opinião sobre afinal qual das duas versões é a melhor: A antiga, da década de 90 ou essa lançada nos anos 2000.

No final da década de 80, o então manda-chuva da Marvel Jim Shooter decidiu que já era hora do personagem Homem Aranha amadurecer, e então ele fez com que Peter Parker tomasse a decisão que todo mundo toma quando quer que sua vida siga para a próxima etapa: Pedir a mão da mulher amada em casamento.
Numa das decisões editoriais mais surpreendentes da história das HQs, o Aranha se casou com sua amiga de infância Mary Jane, e então eles viveram felizes para sempre... Até que o Diabo os separe!!

Muitos anos se passaram desde o casamento do Homem Aranha. O mundo estava em um novo milênio e um novo público precisava ser conquistado. O Homem Aranha precisava se manter interessante e vivo para essa juventude, e então, Joe Quesada, o editor-chefe da Marvel concebeu One More Day (Um Dia a Mais), a saga que separaria de vez Peter e Mary Jane, livrando os personagens de toda aquela burocracia de divórcio e separação de bens.
Em vez de advogados do Diabo, Joe Quesada contratou o próprio Demo para intervir nesse matrimônio, e assim, como num passe de mágica, Peter tornou-se solteiro novamente.

Joe Quesada precisava explicar o que havia acontecido em todos aqueles anos de reformulação pelo qual o Homem Aranha havia passado após o Pacto com Mefisto, e então ele criou o retcon One Moment Time (Um instante no Tempo), uma das histórias mais bonitas e lamentáveis (e isso AO MESMO TEMPO) já escritas para Peter Parker e Mary Jane.
Esqueçam Mefisto. Agora a culpa é do Dr. Estranho!

Depois de três filmes bem sucedidos "bilheteiristicamente" falando, o cargo de diretor dos filmes do Homem Aranha saiu das mãos de Sam Raimi (hoje execrado por todo mundo como Tim Burton começou a ser quando Christopher Nolan assumiu a franquia Batman) e caiu no colo de Marc Webb (aquele de 500 Dias Com Ela), um diretor da nova geração com fôlego renovado. O Espetacular Homem Aranha causou desconfiança e incerteza quando começou a ser divulgado pela imprensa, e com um elenco novo e com um conceito diferenciado para o Escalador de Paredes chegou aos cinemas do mundo todo com certo sucesso. Mas e aí? É bom ou não é?
 
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