O produtor executivo da série deu a dica e decidimos dar asas à imaginação.
O herói negro
O início da saga no Brasil Colônia
Nos mais de 500 anos de História, nenhum período seria mais marcante
para inserir a guerra invisível que marca a série Assassin’s Creed do
que as últimas décadas do Período Colonial. Embora ainda fosse uma
simples colônia de Portugal, trata-se de um momento bem conturbado
socialmente, marcado por uma série de conflitos.
E, para representar esse momento, nada melhor do que o primeiro herói
negro da franquia. Neste jogo, acompanharíamos a saga de Osei, um
escravo fugido que acaba se deparando com um assassino e conhecendo os
ideais de liberdade e igualdade que ele defende. Ao se tornarem aliados,
o herói acaba participando de vários ataques a fazendas e engenhos até
saber que há uma revolta prestes a acontecer em Minas Gerais.
AmpliarMesmo com suas habilidades, herói não consegue salvar Tiradentes (Fonte da imagem: Tecmundo/Nick Mancini)
Ao chegar ao local, Osei e seu Mentor são apresentados ao homem
chamado de Tiradentes e aos demais líderes da revolta. Com ideias
semelhantes, eles unem forças e lutam contra as tropas portuguesas que
comandam a região — até serem traídos por um de seus aliados. O
protagonista até tenta evitar a morte de seu mestre e dos demais
companheiros, mas não chega a tempo. É seu primeiro contato com os
templários.
O jogo, então, nos levaria para a Bahia, onde um novo foco de revolta
surgia. Lutando contra as forças da Corte, o assassino percebe que seu
inimigo ainda é invisível, estando a milhares de quilômetros de
distância de suas armas. Tentando pôr um fim na falta de liberdade de
brancos e negros, o herói falha mais uma vez, principalmente quando seu
principal inimigo não pode ser derrotado.
No entanto, a chance de sua vida surge em 1808, quando a Família Real
portuguesa foge para o Brasil de uma ameaça maior na Europa. Já no Rio
de Janeiro, Osei tenta acabar com a vida de D. João VI, mas descobre que
ele nada mais é do que um brinquedo na mão do verdadeiro governante: o
templário António de Araújo e Azevedo.
Depois de quase 10 anos de luta, o assassino consegue finalizar seu
objetivo e acabar com a influência de Azevedo sobre D. João, que pouco
depois é convencido a voltar para Portugal e a deixar o Brasil nas mãos
de seu filho, Pedro. Osei e seus aliados tentam se infiltrar na nova
Corte para influenciar o príncipe a declarar independência — algo que
eles conseguem somente em 1822, depois de muitas batalhas.
No entanto, mesmo depois de tanta luta e sangue derramado, o
assassino percebe que nada mudou e que a nova cúpula do Império está tão
imunda quanto antes. Decepcionado, ele abandona o manto e se exila no
interior, deixando o novo país livre para que os templários atuem mais
uma vez.
A ameaça invisível
O império do país em chamas
Mesmo após a independência, as coisas parecem não ter mudado no país.
A situação da população continua a mesma, ou seja, pobre e sem
oportunidades. Mais do que isso, os templários voltaram a exercer poder
sobre o novo Império. Além de tudo, eles se aproveitaram da recente
volta de D. Pedro I para Portugal para comandar de vez o Brasil.
Como o sucessor da coroa ainda era criança, os regentes assumiram o
poder e a entregaram à Ordem. É nesse contexto que o assassino David
surge na capital para protagonizar essa sequência. Vindo como um herói
da Revolução Farroupilha, ele logo se junta a outros membros da
Irmandade para tirar seus inimigos do poder.
Após diversos combates contra as forças regenciais, o assassino
consegue chegar muito próximo de eliminar Diogo Feijó, um dos principais
responsáveis pelo domínio templário no Brasil. Apesar de não tê-lo
derrotado, os assassinos conseguiram expulsá-lo da Corte e realizar o
golpe que fez com que o menino Pedro, de apenas 15 anos, se tornasse
imperador — e amigo da Irmandade.
AmpliarCom o imperador ainda criança, os templários comandaram o país (Fonte da imagem: Tecmundo/Nick Mancini)
É aqui que o jogo mais se diferencia de todos os demais da série.
Isso porque o Credo dos Assassinos não tentará derrubar um poder
corrupto, mas manter um que tem potencial para ser próspero. Para isso,
David e seus irmãos deveriam viajar pelo país para combater movimentos
separatistas e rebeliões comandadas pelos próprios templários para
desestabilizar o Estado em uma clara tentativa de voltar ao poder.
Ao longo dessas viagens, ele conhece a história de Osei, um assassino
que atuou na região há anos e que sonhava com um país livre e igual
entre raças, mas que desistiu da Irmandade após ver seu sonho ruir pela
corrupção. Assim, David adota esses ideais e volta para o Rio de Janeiro
na tentativa de trazê-los à realidade — o que consegue apenas em 1888,
ao convencer a Princesa Isabel a abolir qualquer tipo de escravidão.
A decisão, no entanto, foi o estopim perfeito para que os templários
voltassem a agir. Reunindo aristocratas que perderam sua principal mão
de obra, eles voltaram ao poder ao derrubar o Império para estabelecer a
República — um novo regime sempre significa facilidade de ser
controlado.
David, já idoso, pouco pôde fazer para conter a revolta. Embora ele e
seus irmãos tenham tentado impedir o avanço inimigo, a idade tirou a
habilidade do assassino, que tombou antes de ver se o Imperador
sobreviveu. Os templários venceram mais uma vez.
Os templários fardados
O país sem voz
Por muitas décadas, o Brasil esteve sob o controle dos templários. No
entanto, foi somente em 1964 que eles voltaram a atacar a estrutura da
sociedade com mais força. Sob o pretexto da ameaça comunista, a Ditadura
Militar é instaurada e o país fica sendo controlado pela Ordem por
quase 20 anos.
É nesse ponto que o terceiro e último game da trilogia nos
apresentaria Douglas, um jovem que vê sua hora de agir quando seus
inimigos decretam o infame Ato Institucional Número 5. Treinado por seus
pais — assassinos sobreviventes da Ditadura Vargas —, ele começa a agir
em grandes cidades para impedir que inocentes sejam vítimas da
repressão militar.
As primeiras missões seriam como mensageiro entre os grupos
estudantis, mas suas habilidades logo são exigidas pela Irmandade, que
colabora com o movimento de esquerda. Após se mostrar eficiente
eliminando soldados, Douglas é convocado pelo MR-8 para algo maior:
sequestrar o embaixador americano Charles Burke.
AmpliarHerói moderno usava novas armas para acabar com a repressão (Fonte da imagem: Tecmundo/Nick Mancini)
Assim como os demais jogos, este Assassin’s Creed traria algo
diferente em sua estrutura. Ao contrário de tudo o que se viu até agora,
a influência da Ordem dos Templários parece não diminuir, mesmo com os
constantes ataques da Irmandade. Eles eram o Governo, e não apenas
pessoas influentes. Era uma hidra impossível de ser derrotada.
Ainda assim, Douglas continua na luta para enfrentar os militares,
mantendo a população longe da violência. Porém, mesmo com seus esforços,
muitas vidas se perdem, inclusive a do jornalista Vladimir Herzog, um
forte aliado na luta contra a repressão. Tomado pela culpa, ele decide
agir de maneira mais efetiva.
É aí que temos a ida para Brasília, criando o palco perfeito para que
o assassino atue. Primeiramente, a cidade foi projetada por um velho
amigo da Irmandade, o que faz com que a movimentação furtiva sobre os
prédios seja ideal para a caçada aos militares. Além disso, todos os
principais templários estavam ao seu alcance, fazendo com que sua lâmina
seja mais necessária do que nunca.
Depois de derrubar todos os grandes nomes da Ordem, o herói
finalmente veria o processo de abertura política. No entanto, quando
acreditava que a liberdade estava prestes a ser obtida, mais sangue foi
derramado: os templários tentaram armar um ataque terrorista em meio a
um evento para culpar os chamados “vermelhos”. Douglas consegue impedir a
explosão da bomba no Riocentro, mas sai gravemente ferido.
Mesmo assim, ele consegue sobreviver para ver a última parte do game:
o fim da influência da Ordem sobre o Regime Militar e o retorno da
democracia. Apoiando o novo presidente — aliado dos assassinos —, ele
acredita que seu trabalho está, enfim, terminado. Contudo, ele percebe
seu erro ao ver o recém-eleito governante ser morto e, mais do que isso,
ao ver seu próprio sangue tocar o chão. Um tiro pelas costas que lhe
deu a resposta que sempre procurou: o Brasil nunca estará livre dos
templários, que se escondem em todas as partes do governo, permanecendo
invulneráveis a qualquer ameaça ou revolução. A ameaça é real, embora
invisível.
tecmundo.com
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